O site do ESTADÃO publicou artigo do Dr. Carlos Eduardo Navarro que avalia os pontos possíveis de uma reforma do sistema tributário no cenário atual.
Uma reforma tributária possível
Carlos Eduardo Navarro*
02 de abril de 2021

Carlos Eduardo Navarro. FOTO: DIVULGAÇÃO
Passado o famoso dia da mentira, 1.º de abril, vamos a 10 verdades:
- A reforma tributária ampla não será aprovada no Brasil;
- A reforma tributária do consumo, de maneira ampla, também não;
- Já reformamos a tributação no Brasil todos os dias, de modo que esse tipo de reforma é apenas um fetiche;
- No consumo, precisamos continuar reformando os tributos atualmente existentes, ISS, ICMS, PIS/COFINS e IPI (como sempre fizemos), mas agora com o foco em transparência e simplicidade (até hoje, sempre preterimos esses critérios);
- Precisamos dar crédito amplo aos tributos não cumulativos existentes (ainda que aumentando as alíquotas);
- Precisamos acabar com o ridículo cálculo por dentro (ainda que aumentando as alíquotas) e com a substituição tributária pra frente (diferimento e retenção na fonte podem ser mantidos);
- Precisamos devolver créditos acumulados em 30 dias;
- Precisamos acabar com a loucura da lista de serviços do ISS e adotar os critérios do GATS para a incidência do ISS (com exceção dos serviços tributáveis pelo ICMS, evidentemente);
- Precisamos regular a guerra fiscal: não adianta liberar nem proibir, a saída é criar uma lista de exceções (como no Mercosul), de modo que Entes (Estados e Municípios) mais desenvolvidos poderão criar menos incentivos e Entes menos desenvolvidos terão mais incentivos à disposição; e
- Devemos transformar o IPI em um verdadeiro imposto seletivo (“excise tax”).
Se fizermos tudo isso, ganharemos muitas posições em competitividade – e estaremos bastante próximos de uma reforma tributária mais ampla.
*Carlos Eduardo Navarro, sócio de Galvão Villani, Navarro e Zangiácomo Advogados, professor da pós-graduação em Direito Tributário da Escola de Direito de São Paulo – “GVlaw” e MBA em Gestão de Tributos e Planejamento Tributário da Escola de Administração de São Paulo – “FGV Management”, ambos da Fundação Getúlio Vargas
https://politica.estadao.com.br/blogs/fausto-macedo/uma-reforma-tributaria-possivel/